sexta-feira, 13 de março de 2009

A menina e a lua.

Após a leitura do livro"Ainda lembro" do Jean Wyllys, me bateu uma inspiração e resolvi escrever esse pequeno conto.

Ainda que não pudesse ver, ela via nitidamente. Via o céu, que sua mãe lhe contara, com todas as estrelas brilhantes e a lua a iluminar a noite. A noite que nos dá a certeza que amanhã fará sol e juntamente com esse novo dia, uma nova página do livro de nossas vidas a escrever. Mas não para ela.
Ela que preenchia com letras e gravuras o livro de sua vida à noite, pois a noite era a metade de sua alma. Era na presença dos corpos celestes e na ausência da luz do dia que ela se sentia completa, se encontrava.
Dançava com as Três Marias cantigas primitivas cantadas a uma voz tão sublime, tão doce, tão envolvente que era a voz da lua. Todas as noites ela saía do seu aprisionamento e ia viver junto daqueles que a queriam tão bem.
Ainda que não pudesse ver, ela via as estrelas e a lua indo buscá-la para assim, todos juntos dançarem, rirem, cantarem. Para que todos pudesse ser eles mesmos sem precisar de mais nada.
Pois só com a luz proveniente de cada um deles, que ela se sentia bem. O sol, a luz do dia, iluminava muito, todos podiam ver seu "problema" e ssim ela não fazia parte do todo.

Mas à noite, ninguém quer ver tudo.Apenas se contenta com seus outros sentidos. Sentidos talvez mais importantes do que aquele que lhe faltava.
À noite ela se sentia em casa, pois aqueles que a vinham lhe buscar todas as noites, não queriam ver tudo, eles se contentavam apenas com o sentir.

Ainda que não pudesse ver, ela sentia.

Ela tinha sentimentos.

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